A força da mulher frente aos desafios na educação

Apesar do grande avanço, muitas mulheres ainda sofrem algum tipo de preconceito e discriminação também dentro das instituições escolares.

As educadoras Taís Artmann, irmã Elaine de Paulo e Katiâni Lazzarotto (a partir da esquerda) são fontes de inspiração e incentivo para superar obstáculos / Foto: Diogo Brondani

Em Santa Maria, na Escola Santa Catarina, integrante da rede Notre Dame de Educação, os desafios da equipe de ensino frente ao trabalho são diários. A secretária da instituição, irmã Elaine de Paulo, conta um pouco da sua trajetória.

– O olhar do preconceito esteve presente na minha vida por diferentes fatores. Por eu ser mulher, preta, pobre, religiosa e alguns outros. No entanto, os valores que aprendi dentro da minha casa me colocam acima de tudo isso. Sempre tive em mente o quanto somos capazes independentemente de qualquer um destes pontos. Claro que é errado a sociedade julgar por isso, mas acredito que o que faz a diferença são as atitudes. Atuo como professora há mais de 20 anos, e olhar de menosprezo já me foi direcionado algumas vezes, porém, nunca deixei que isso me afetasse. Eu sempre quis ajudar as pessoas, e foi daí que surgiu a vocação para ser religiosa e me dedicar ao ensino – relembra a irmã.

ACREDITAR NO QUE É CAPAZ

A orientadora educacional da Escola Santa Catarina, a educadora especial Katiâni Lazzarotto, considera que houve avanços quanto a benefícios e conquistas voltados ao público feminino, no entanto, a sociedade ainda é muito machista.

– Eu sempre quis ser professora. Quando era pequena, dava aula para as crianças da vizinhança escrevendo com carvão em uma parede de madeira. Cresci, estudei muito e me formei em Educação Especial. No entanto, ainda percebo no dia a dia certo receio por parte de alguns pais no sentido de sermos capazes de ensinar as crianças, de tomar conta dos seus filhos enquanto estão sob nossa responsabilidade, principalmente as de idade de educação infantil. É um desafio diário, sabe? Mas, sempre mentalizo o quanto sou capaz, assim como tento passar isso aos alunos, que é preciso ter autoconfiança e acreditar no seu potencial que podem chegar onde desejarem – explana a educadora.

UM ESPELHO PARA OUTRAS MULHERES

Escola Santa Catarina fica na BR-158, nº 1090, bairro N. Sra de Lourdes

Assim como as educadoras irmã Elaine e Katiâni, a coordenadora pedagógica da escola, Taís Streb Artmann, conta que a sua maior preocupação é servir como fonte de inspiração para as crianças.

– A mulher é forte, é guerreira, é resistente. Cria forças para encarar qualquer situação. E é exatamente isso que tento passar para minha filha em casa, para os alunos em sala de aula, e para outras mulheres do meu convívio. Que é preciso ter visão, ser forte e não desistir dos seus sonhos. Não é preciso provar nada para ninguém a não para si mesma, sem deixar de lado a humildade e o amor próprio – acredita a coordenadora.

A Escola Santa Catarina tem em seu quadro de colaboradores cerca de 40 profissionais, sendo que apenas cinco são homens. Ou, seja a condução da instituição é feita quase que na sua totalidade por mulheres. O grande exemplo de união, determinação e força desse grupo de guerreiras pode ser visto há poucos dias, quando a escola trocou de endereço para ocupar um espaço amplo e moderno visando melhorar a qualidade de ensino aos estudantes. A mudança e reorganização de toda infraestrutura foi feita pelas mulheres.

– Fizemos a limpeza do espaço, organização, carregamos os móveis, pintamos praticamente tudo. São ações que mostram que podemos ser fortes se trabalharmos por um propósito, seja física ou mentalmente – relata a irmã Elaine.

A instituição da rede Notre Dame conta com uma proposta pedagógica de aprendizado para crianças com idade a partir de dois anos, passando pela Educação Infantil até o nono ano do Ensino Fundamental.